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Projeto Semeando a Paz debate a violência contra a mulher


O evento foi coordenado pelas professoras Ilma Araújo e Neusa Valadares

Com palestras de Manuela Gonçalves, Bruna Damasceno Bezerra Tocantins e Cristina Lopes Afonso o Projeto Semeando a Paz, coordenado pelas professoras Ilma Araújo e Neusa Valadares, realizou seu 1º seminário, no dia 5 de setembro. O tema foi Combate a Violência Doméstica: Um Desafio. O foco principal foi à violência contra a mulher. A primeira a falar foi Manuela Gonçalves. Ela é presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-GO, membro da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica e Professora da PUC-GO: “É no lar que a maioria das ações violentas contra a mulher acontece” – considerou a palestrante no início da exposição, lembrando que estas ações permeiam entre a violência física, sexual e psicológica e que a falta de conscientização continua sendo fator fomentador dessas práticas, pois impedem a denúncia contra o agressor e sem a denúncia a lei não é aplicada: “Temos um instrumento importante para combater a violência contra a mulher, que é a Lei Maria da Penha, mas a aplicação da mesma começa justamente na denúncia. Sem ela a polícia e a justiça não podem agir” – voltou a considerar a palestrante. Manuela contou que a Comissão da Mulher Advogada da OAB-GO chegou à conclusão que na escola está o campo mais apropriado para o combate a cultura machista, responsável pela cultura da agressão à mulher e por isso criou o Projeto OAB Vai a Escola, que realizará palestras nas unidades do ensino básico e médio. As palestras começarão já nesse segundo semestre pelas cidades de Anápolis, Rio Verde, Jataí e Itumbiara.

A delegada da Polícia Civil, Bruna Damasceno Bezerra Tocantins, titular da Delegacia da Mulher de Aparecida de Goiânia foi a segunda palestrante. Lembrou que em 2016 a Lei Maria da Penha completa 10 anos e que foi a partir da edição da mesma que surgiram as Delegacias da Mulher no Brasil. A delegada mostrou que apesar dessas ações importantes o aparato está longe do ideal para a redução aos índices aceitáveis de violência contra a mulher: “Essa não é uma questão puramente policial. Precisamos de assistência psicológica, social e até material para as vítimas de violência. Em muitos casos a denúncia não ocorre por causa da dependência econômica. A lei foi uma conquista que gerou outra, que são as Delegacias da Mulher, mas precisamos de política pública e instrumentos para proteger a mulher e prevenir a violência” – mostrou Bruna Damasceno Bezerra Tocantins.

Na última palestra da noite os presentes puderam conhecer um personagem de um dos casos de violência contra a mulher no Brasil mais famosos de todos os tempos. A vítima foi a palestrante Cristina Lopes Afonso, fisioterapeuta e fundadora da Sociedade Brasileira de Queimaduras e vereadora em Goiânia. Aos 19 anos, após a conclusão do curso de Educação Física, Cristina decidiu terminar o noivado e o noivo não aceitou. A forma que ele encontrou para se vingar foi atirar um litro de álcool sobre Cristina e atear fogo – ela teve mais de 80% do corpo queimado. Os médicos paranaenses desenganaram a família sobre a possibilidade de sobrevivência da jovem. A família trouxe Cristina para ser tratada pelo médico goianiense Nelson Pícolo (já falecido) e ela foi tratada com sucesso. Uma reportagem completa sobre o acontecimento, mostrada no programa do Apresentador Rodrigo Faro, da Tv Record foi exibida para os presentes. Em Goiânia, Cristina Lopes se formou em fisioterapia, se especializou na recuperação de vítimas de queimaduras e fundou a Sociedade Brasileira de Queimaduras. Com base na própria história, Cristina avaliou que a violência contra a mulher é uma covardia e precisa da adesão de todos, pois continua com números inaceitáveis: “A cada 24 segundos uma mulher é espancada e a cada 12 horas uma é assassinada. Não podemos continuar convivendo com essa realidade” – adiantou, mostrando que a luta pelo combate a violência contra a mulher não pode ser feita com espírito revanchista: “Precisamos construir uma relação de fraternidade dentro dos lares brasileiros. Não é admissível que uma pessoa que diz amar, agrida o ser amado. 40% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência. Não podemos continuar insensíveis a esse índice. Tudo na vida é um processo educativo e precisamos educar nosso povo para que isso tenha um fim o mais rápido possível” – Concluiu Cristina Lopes Afonso.


09/09/2016

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